Era novembro de 1892, ainda estava ocorrendo a imigração italiana, um acontecimento histórico que ocorreu entre os anos de 1880 e 1920, onde milhares de europeus enfrentavam grandes problemas em seus países, e precisaram então imigrar para um novo lugar, e o destino principal deles era a América do Sul.

Nessa época, o mar não se encontrava em seus melhores dias, estava tenebroso por onde o navio “Ré Umberto” passava em seu caminho. O navio tinha saído da cidade de Venezia, Itália e estava em direção ao sudeste do Brasil. Em meio a tantas pessoas presentes nessa embarcação, existia uma família que se estabeleceria em Minas Gerais e que teria de viver com um erro que viria a ser resolvido apenas 127 anos depois.

Quando a família encontrou seu lugar em território brasileiro, ainda precisavam se registrar como moradores do país. Eles que não sabiam nada do português que os habitantes nativos falavam e estavam sem seus documentos, por conta disso não conseguiam ter uma boa comunicação com os brasileiros, então existiram certos problemas nesse momento: o sobrenome da família foi entendido de forma errada, foi trocado de Gerolami para Jeronimo, e assim ficou até 2019, pois nesse ano os bisnetos desses imigrantes foram atrás de voltar ao sobrenome original da família. Hoje, os documentos daqueles que tiveram de viver aqui tendo seu nome errado, estão todos de forma correta.

Helena nunca foi de se abrir muito, desde de bebê não era qualquer um que podia segurá-la nos braços. Aos 15 anos ela teve seu primeiro namorado, Aldo, um menino bom, de ótimo coração, mas como os dois eram muito imaturos ainda, o relacionamento durou apenas 6 meses de muitas desavenças, brigas e desentendimentos. Os dois seguiram caminhos diferentes, com a esperança de construir uma vida ao lado de outras pessoas.

Três anos depois, a menina se apaixonou perdidamente de novo, mas o final foi diferente dessa vez, ela se casou, e com o marido, teve um casal lindo de filhos. Helena era muito jovem para perceber que esse casamento não continha o mais importante: o Amor verdadeiro, e então depois de 20 anos de casamento, eles decidiram se separar. Ela ficou muito abalada, seus olhos demoraram tanto tempo pra se abrir, depois de seu coração ter sido quebrado tantas vezes, ela decidiu mudar, e poder, enfim encontrar o amor em que tanto procurava nos outros, dentro de si.

Um ano depois da separação, por ironia do destino, seu primeiro namorado, Aldo, a encontrou numa rede social. Os dois conversaram, relembraram os velhos tempos e resolveram suas questões antigas. Depois de um tempo de conversa, perceberam que o amor não tinha acabado. Aldo depois do término, nunca mais conseguiu se relacionar com outras pessoas, e a moça, tinha uma chama ardendo em seu coração dizendo para tentar novamente. Enfim, um casal! Aldo e Helena voltaram! Um mês, dois meses, quatro meses, sete meses.... No oitavo mês, o homem chamou a moça pra conversar. Disse que não podiam mais continuar juntos, afinal, ele tinha se enganado com seus sentimentos, o que sentia por ela, era profunda gratidão, respeito e admiração, não amor, e de novo Helena se despedaça, finalmente achava que seria “feliz para sempre”...

Aldo mudou de cidade para bem longe, afim de novas oportunidades, novas paixões... Helena tinha sonhos, então continuou em sua terra buscando condições para realiza-los algum dia, afinal depois de tanto seu coração ser quebrado, é necessário juntas seus pedaços e recomeçar quantas vezes precisar. Seu “feliz para sempre” é você quem faz.

Viver no interior do nordeste brasileiro, é morar em meio a fome, a seca e a miséria que rondam o lugar desde os tempos mais antigos. Na infância, ser a filha mais velha de 8 irmãos, é ter que cuidar de todos e precisar aprender a dividir aquilo que se tem em casa, mesmo não sendo o suficiente nem para dois. Apesar disso, a felicidade é ainda fácil de encontrar, um simples dia de chuva ou um mergulho no rio, já é o suficiente para esquecer a dificuldade e desfrutar por um longo tempo essa pequena alegria. Você cresce admirando coisas simples e tendo grandes sonhos.

Até o momento que você cresce, enxerga que precisa dar um jeito na vida e que será necessário deixar tudo para trás. Vai para São Paulo, tentar ter melhores oportunidades na cidade grande, mas no começo é muito duro, achar um emprego que lhe pague bem é complicado, a saudade aperta e você percebe que seus grandes sonhos de antes, aos poucos, vão se desfazendo, sua fonte de alegria foi deixada na sua terra e agora só te resta a fé e a esperança de que logo você volta para rever quem ainda está lá.

Depois de alguns anos, tudo realmente se ajeita. Agora sua renda é boa, você visita a família duas vezes ao ano, encontrou novas fontes de alegria e realizou os novos sonhos que criou nessa estrada. E você sabe que foi necessário lutar para isso, afinal, você sentiu na pele o que é preciso para alcançar a vitória. No começo foi difícil, mas no final, a estrada compensa.

Meu nome é Maria, tenho 15 anos, meus pais se chamam Lúcio e Mariana, e durante minha vida pude conhecer a pessoa mais fofa, carinhosa, amorosa e guerreira que já existiu, a minha avó. Ela era uma senhora de cabelos bem branquinhos, pequenininha e um pouco gordinha. Me lembrava aquelas avós de filme, que enchem os netos de doces.

Eu sempre digo que ela é a pessoa mais guerreira que eu já conheci, pois criou sete filhos sozinha, e durante a vida teve que aprender a vê-los indo embora. Penso que ela deve ser a pessoa mais carinhosa, amorosa e fofa que pode existir, porque quando chovia deixava eu dormir ao seu lado para que eu não sentisse medo.

A melhor parte das minhas férias era sempre quando minha vó passava um tempo lá em casa, cuidava tão bem de mim, me presenteava com comidas deliciosas e abraços quentinhos. Ela tinha as melhores histórias, me contava sobre quando meu pai aprontava, “um dia seu pai chegou com o dedo cortado sangrando muito, eu ingênua na época corri e passei café na ferida para estancar o sangue, chegando no hospital o médico brigou muito comigo”, sempre contava suas histórias com o sorriso mais bonito do mundo.

Sempre estava muito animada e feliz, mas com o tempo a idade foi chegando e fazendo de tudo para deixa-lá para baixo, mas o sorriso sempre permaneceu em seu rosto. Ela passou por muito coisa e sempre foi minha guerreira, foi e sempre será difícil ter que dizer adeus... queria que você conhecesse meu futuro namorado, e olhasse para ele com cara de brava perguntando se ele cuidaria de mim, queria que você conhecesse seu bisnetos e a minha futura casa, queria ter a oportunidade de realizar seus maiores sonhos e poder te levar à praia. Você se foi, mas sempre me lembrarei de você, das histórias, das brincadeiras e dos abraços quentinhos. Sempre terei você em meu coração vozinha, eu te amo. 🖤

Na minha época de adolescente, a vida não era tão boa, era de precisão, de garra e principalmente de muita carência.

Meu nome é Bete, e eu trabalhava na roça com a minha mãe desde muito nova, pois ela se tornou viúva muito cedo, nunca terminei a escola, era muito longe da minha casa, e como não tinha condução, eu e meus irmãos íamos à pé, nunca tive muito interesse em estudar, então chegou um momento que desisti. Minha forma de diversão era fazer bonecas de espigas de milho e vesti-las com os retalhos de roupas velhas que eu costurava. Minha mãe sempre me deu conselhos do tipo: "Não case cedo filha, não desperdice sua vida". Mas infelizmente eu não gostava muito de conselhos, tanto que acabei casando e saindo de casa com 18 anos.

Aprendi a viver, a me manter, a me alimentar sozinha, por minha própria conta, nunca precisei apoiar em ninguém pra nada! As dificuldades que eu enfrentei me fizeram quem sou hoje. Tive 9 filhos e nunca faltou nada para nenhum deles, desde o cuscuz com leite até o feijão com farinha. Na minha casa nunca entrou muito luxo não, luxo pra mim era ter minha familia comigo todas as noites e muito amor espalhado pela casa.